As vezes dou certo golpe de sorte no netflix, e me deparo com filmes, séries ou documentários que vale muito a pena compartilhar. Não trata-se bem de uma crítica, é mais uma indicação do documentário com algumas impressões.
Este documentário Laerte-se foi um deles, acho difícil que alguém não conheça, mas para quem possa desconhecer, Laerte é uma cartunista brasileira, participou de grandes jornais e publicações brasileiras como o Pasquim, a imagem mais clara de Laerte para mim são os livros didáticos de português (talvez nem os meus, mas do tempo da minha prima) que ao apresentar charge/tirinha expunham algum trabalho dela.
Me perdoem se houver alguma discordância de gênero durante o texto, que possa me passar em branco.
Laerte Coutinho tem uma extensa carreira, mas depois da morte de seu filho Diogo em 2005, sentiu-se compelido(na época) a assumir as rédeas de sua vida de outra maneira. No documentário ela fala que toda a sua mudança se deu num momento não de coragem, mas de covardia afinal não havia mais nada o que perder, seus filhos estavam maduros o bastante para compreender seus passos, tinha um nome consolidado os riscos eram baixos.
Uma frase que me chamou grande atenção para o fato e me fez despertar que as pessoas precisam ver esse documentário, além das questões de gênero, foi essa:
Eu tento porque sou uma criança talentosa, mas eu fico na tentativa porque eu sou obediente.
— Laerte
Laerte tinha sua concepção de mundo, sua identidade, a muito sabia que não estava sendo verdadeira no que sentia em como se sentia. E levou quase 60 anos para assumir que aquela criança talentosa tinha outras convicções.
Afinal quem não sente-se preso vez ou outra a atender a expectativa do outro, quantas vezes nos policiamos para evitar um desconforto do outro? A alguns dias apresentei um trabalho sobre Singularidade, sobre ser ou fazer o que deseja sem se preocupar com o julgamento alheio. Precisamos mais disso, de autenticidade, de pessoas que assumam suas vidas — mesmo com receio do julgamento — pela necessidade de serem felizes independente do que o outro vai pensar.
A profissionalização no caso de trabalhos de criação, de casos de expressão, é a construção de jaulinhas, é a construção de limites.
— Laerte
Essa eterna padronização, creio eu desde a revolução industrial onde tudo precisa ser igual, categorizado, preto no branco está sufocando as pessoas cada vez mais. Ela precisou de 60 anos para ter coragem de quebrar as correntes que a prendia, e assumir que não estava sendo verdadeira consigo, e todo esse trajeto ainda não está completo, ainda existem dúvidas e passos lentos para atingir o que deseja.
O querer, o poder, o precisar e o dever.
— Laerte.
Estamos nessa eterna disputa com nós mesmos:
Eu quero, mas posso? Eu posso, mas preciso? Eu preciso, mas eu devo?
Eu quero, mas posso? Eu posso, mas preciso? Eu preciso, mas eu devo?
Não nos sentimos seguros sendo verdadeiros com os outros, e nesse caminho passamos a ignorar e não ser verdadeiros com nós mesmos!
Como disse lá em cima, disse no meu facebook e vou dizer em todo o canto, ASSISTAM ESSE DOCUMENTÁRIO, se não pela empatia as questões de gênero para despertar para as próprias necessidades e escolhas!
Exemplificando de maneira bem didática, se vocês olharem com atenção, vão poder despertar para aquelas questões do tipo:
- Quero ser jornalista!
- Mas isso dá dinheiro?
- Não me importa, é o que quero ser!
- Quero ser jornalista!
- Mas isso dá dinheiro?
- Não me importa, é o que quero ser!
Assuma seus sonhos, pague pelos riscos e se não der certo, no final você vai saber que pelo menos foi uma criança desobediente!
Diretor: Lygia Barbosa da Silva, Eliane Brum
Elenco: Laerte Coutinho
Data de lançamento: 20 de maio de 2017
Gêneros: Documentário Brasileiro, Documentário Biográfico, documentário
Classificação da MPAA: 14 anos
Duração: 1h 40 min
URL Oficial: https://www.netflix.com/title/80142223
Avaliação segundo o IMDB
Avaliação: 7,3/10
Votos: 121
Crítica
Crítico: Evelin Lopes
Avaliação da crítica: 9,0/10
Data Crítica: 27/05/17
Avaliação da crítica: 9,0/10
Data Crítica: 27/05/17
Nossa que interessante, realmente lembro dos quadrinhos dele nos livros didáticos.
ResponderExcluirEu nunca entrei na parte de documentários do Netflix, acho que depois dessa dica vou começar a explorar com atenção esse gênero.
Parabéns pela postagem muito bem escrita.
beijos
https://desconexaoleitura.blogspot.com.br/
Olá, tudo bem? Cheguei a ler muitos cartoons do Laerte em alguns jornais e sempre gostei da crítica que ele trazia junto com seus traços. Confesso que por causa da faculdade não sou muito de assistir Netflix mas fiquei bem interessa. Gostei!
ResponderExcluirBeijos,
diariasleituras.blogspot.com.br
Hey Eve!
ResponderExcluirEu conhecia uns 2 cartoons do Laerte, mas nunca busquei muito mais pela carreira. E é impressionante poder saber mais sobre toda a realidade por detrás dos desenhos, e com certeza é um documentário que muita gente deveria assistir, e eu vou! Com certeza!
Beijinhos,
Paulinha C.
www.naoleia.com
Oi Eve! Não posso dizer que sempre fui fã da Laerte, pois na época que de colégio em que deparava-me muito com seus trabalhos não existia o aprofundamento de quem fazia as tirinhas. Mas de uns tempos para cá acabei me interessando por sua história e esse documentário é incrível! - Julio.
ResponderExcluirBu diziyi izliyorum
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